A plataforma digital Conexões USP-Periferias é uma base de dados multidisciplinar ligada ao site do Instituto de Estudos Avançados da USP, criada com o objetivo de sistematizar e divulgar iniciativas de professores, estudantes e pesquisadores da Universidade de São Paulo com foco em periferias e favelas.
A plataforma é resultado de um levantamento das ações e produções da USP nos eixos de ensino, pesquisa e extensão, no que diz respeito às particularidades empíricas e formulações teóricas sobre as periferias e as favelas e suas populações. Tal levantamento foi realizado entre janeiro de 2019 e abril de 2020, tendo como principal fonte de pesquisa as bases de dados do Sistema USP.
No eixo ensino foram identificadas disciplinas de graduação e pós-graduação, as monografias de conclusão de curso, dissertações e teses que contemplam discussões ligadas às periferias e favelas.
No eixo pesquisa foram mapeados grupos de pesquisa e estudos que se dedicam às temáticas enfocadas, assim como a produção acadêmica resultante de investigações científicas na forma de artigos, publicações e trabalhos de evento.
No eixo extensão foram levantados os editais da USP de estímulo a iniciativas que aproximam universidade e sociedade, os programas e projetos desenvolvidos por docentes e/ou discentes em regiões periféricas ou para as populações que habitam esses territórios.
Também foi realizado o levantamento de docentes que têm suas trajetórias de pesquisa relacionadas às temáticas das periferias e favelas, e dos coletivos discentes com atuação voltada para a presença/permanência de sujeitos periféricos na universidade, bem como ao combate às variadas opressões (baseadas em raça, gênero e sexualidade) que têm relação com a produção territorial da periferia.
Espera-se que essa base de dados se torne uma referência de conteúdos para as comunidades interna e externa à USP, por isso mesmo foi idealizada como uma plataforma de fácil acesso e interação. Mais do que um ambiente de sistematização de atividades, produções e trajetórias acadêmicas, a plataforma pretende oferecer dados qualificados à sociedade, sem a pretensão de alcançar a amplitude dos trabalhos desenvolvidos no âmbito da USP ou de esgotar as possibilidades de devolutiva do conhecimento produzido sobre as periferias para as próprias periferias.
Este espaço interativo pretende ampliar os lugares de escuta institucionais, que se fazem tão importantes nos mais diversos contextos sociopolíticos e culturais.
NOTAS METODOLÓGICAS
Os dados aqui apresentados foram produzidos por uma equipe especialmente formada para desenvolver o conteúdo da plataforma, composta por pesquisadores-bolsistas da USP, de graduação, pós-graduação e pós-doutorado. Além disso, a equipe contou com a colaboração de profissionais das áreas de comunicação e informática do IEA-USP.
O trabalho teve início com a formulação da proposta da plataforma virtual quanto aos dados que seriam levantados, suas fontes, formas de sistematização e de apresentação. Também foram definidas algumas palavras-chave para orientar a produção de dados e dos conteúdos, considerando as especificidades de cada área do saber e suas maneiras de se relacionar com as realidades empíricas e formulações teóricas em torno dos territórios periféricos e das favelas.
Como uma primeira etapa de um trabalho para o qual se espera ter continuidade e atualizações, optou-se por um conjunto de termos que remetem às especificidades geográficas, econômicas, culturais, sociais e políticas das periferias e favelas, mas que também se relacionam com as representações sociais, os equipamentos existentes, os moradores e suas práticas, as ações coletivas, as produções artísticas e as políticas públicas direcionadas a esses territórios.
As palavras-chave usadas como referência para o levantamento de dados foram: ação afirmativa(ações afirmativas), baixa renda, break, clínica da família, comunidade urbana, creche comunitária, creche pública, cultura popular, desigualdades sociais, economia informal, economia solidária, educação popular, escola pública, favela, funk, grafite (graffiti), habitação popular, hip hop (hip-hop), literatura marginal, literatura periférica, marginalidade social, movimentos populares, participação comunitária, periferia, pobreza urbana, posto de saúde, projeto social, rap, samba, sarau, segregação urbana, subúrbio, teatro comunitário, teatro popular, UBS (Unidade Básica de Saúde), várzea, violência urbana e vulnerabilidade. Foram incluídos, também, os termos Jardim São Remo, Jardim Keralux e Vila Guaraciaba, tendo em vista que esses são territórios enfocados no Censo que foi realizado no contexto do Projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais.
A partir dessas palavras-chave foram sistematizadas a produção acadêmica, as pesquisas de docentes e discentes, as disciplinas de graduação e pós-graduação, os trabalhos apresentados em eventos e as ações de cultura e extensão da USP que contemplam periferias e favelas nos contextos nacional e internacional. Todos os levantamentos tiveram como referência o ano de 2019, sendo estendidos de forma retroativa até data de publicação do registro mais antigo disponível nas bases de consulta, quando a pesquisa foi realizada: o ano de 1945, no caso das teses e dissertações, 1985 para as publicações e trabalhos de eventos e 2009 em relação às monografias de conclusão de curso.
Os dados referentes à produção acadêmica (artigos, livros, trabalhos publicados em eventos, dissertações, teses etc.) foram extraídos da Biblioteca Digital de Produção Intelectual da Universidade de São Paulo (https://bdpi.usp.br), e as monografias de conclusão de curso foram mapeadas na Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos ( https://tcc.sc.usp.br). Os dados levantados nessas bases virtuais totalizaram pouco mais de 31 mil registros e passaram por uma curadoria, tanto para a identificação daqueles relacionados às temáticas contempladas pela plataforma, como para a exclusão de registros repetidos, uma vez que um mesmo trabalho pode estar associado a mais de uma palavra-chave. No total, foram incluídos aqui 3.474 registros, sendo: 1.617 teses e dissertações, 622 publicações (livros, capítulos de livro, produção didática ou artística, textos de jornal ou internet, relatórios técnicos), 623 artigos de periódicos acadêmicos, 491 trabalhos de eventos e 121 trabalhos de conclusão de curso de graduação. Cabe apontar, no entanto, que o levantamento da produção acadêmica ainda não foi finalizado, restando ainda mapear os trabalhos relacionados às palavras-chave: clínica da família, desigualdades sociais e escola pública.
Com relação ao mapeamento das disciplinas, foram acessadas as plataformas Júpiter (https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/) e Janus (https://uspdigital.usp.br/janus/), que são os portais de apoio à graduação e pós-graduação na USP. A busca nesses sistemas foi realizada a partir da relação de disciplinas obrigatórias e eletivas oferecidas por 70 unidades USP (entre unidades de ensino, institutos especializados e museus), e teve como base a leitura das ementas disponíveis. Foram sistematizadas 336 disciplinas, sendo 189 de graduação e 147 de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), tendo sido consideradas pertinentes à esta plataforma aquelas que contemplam discussões relacionadas às periferias e favelas nos seus objetivos, conteúdo programático e referências bibliográficas, como também as que abrangem visitas e trabalhos de campo em áreas periféricas.
Os docentes especialistas foram identificados com base no próprio levantamento de produções acadêmicas realizado para a plataforma, a partir da contabilização do número de registros associados a cada um dos docentes mapeados. Foram sistematizadas informações referentes a 125 docentes, ligados a todas as unidades de ensino da USP e em quantidade proporcional ao total de registros de cada unidade no conjunto do mapeamento. Nesse sentido, a proximidade das temáticas das periferias e favelas com as ciências sociais e humanas resultou em um número maior de especialistas ligados a esses campos do saber.
O mapeamento dos 35 grupos de pesquisa e estudos teve como ponto de partida a lista dos docentes especialistas e foi complementado com a consulta aos sites de cada unidade de ensino da USP.
Já os coletivos discentes foram identificados a partir de pesquisas na internet e também por meio da indicação de estudantes e professores da USP. Esses coletivos foram contatados e responderam a um conjunto de questões relacionadas ao histórico de atuação, objetivos, perfil dos participantes e ações realizadas. O interesse foi mapear não apenas coletivos protagonizados por sujeitos periféricos, mas, também, aqueles cuja criação e existência se voltam para a discussão e o combate às desigualdades que impactam as condições de vida dos moradores as periferias e favelas e estão relacionadas às questões raciais, de classe, gênero e sexualidade. No total, tem-se 62 coletivos, sendo que 27 deles forneceram informações por meio de entrevistas.
As ações de extensão foram sistematizadas a partir da consulta aos sites de cada unidade de ensino, bem como das Pró-Reitorias de Cultura e Extensão, de Graduação e de Pesquisa da USP. Apesar da oferta significativa de eventos e cursos de difusão oferecidos para a comunidade externa, e dos diversos equipamentos abertos ao público geral (como centros culturais e museus), foram privilegiadas aqui apenas as iniciativas com regularidade ou constância que promovem a interação entre universidade e sociedade, e que contemplem territórios e populações periféricas. Foram mapeadas 101 ações sendo: 18 editais regulares de apoio financeiro a novos projetos docentes e discentes, 7 programas permanentes de integração universidade-comunidade ligados à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, 7 Núcleos de Apoio à Cultura e à Extensão (NACEs), 14 cursos pré-vestibulares destinados à população de baixa renda e 55 iniciativas de extensão e cultura desenvolvidas por professores, estudantes e/ou funcionários da USP.
EQUIPE DE TRABALHO
Érica Peçanha do Nascimento
Pós-doutoranda do Instituto de Estudos Avançados da USP
Coordenação geral da pesquisa
Responsável pelo desenho metodológico, formação da equipe, levantamento de dados e elaboração dos textos do site
Vínculo de janeiro de 2019 a junho de 2021
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/7131710198286121
Leandro de Oliva Costa Penha
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (ECA-USP)
Responsável pelo levantamento de dados, pela pesquisa de imagens e revisão de conteúdo
Vínculo de janeiro de 2019 a março de 2020
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/2645606448629936
Claudia Rosalina Adão
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP)
Responsável pelo levantamento da produção acadêmica
Vínculo de janeiro a março de 2019
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/2251877198454214
Telma Azevedo
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte (USP)
Responsável pela revisão dos dados
Vínculo de abril a maio de 2019
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/3386990686337829
Isis Belon Fernandes
Graduanda em Ciências Sociais (FFLCH-USP)
Responsável pelo levantamento das disciplinas e pela revisão de dados
Vínculo de junho de 2019 a fevereiro de 2020
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/9286042450947376
Vitor Soares Miceli
Graduando em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP)
Responsável pelo levantamento dos docentes especialistas e grupos de pesquisa
Vínculo de julho a dezembro de 2019
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/8149133101946503
Marianna Gabrielli Alves
Graduanda em Letras (FFLCH-USP)
Responsável pelo levantamento dos coletivos discentes
Vínculo de julho a setembro de 2019
(não possui currículo acadêmico)
COLABORADORES
Fotos
Clara Borges
Leonor Calasans
Martin Grossmann
Danilo Pereira Sato
Design
Bruna Montuori
Liana Ventura
Suporte ao desenvolvimento web e ao levantamento de dados
Desenvolvimento web