Periferias como potências

Vivemos em um mundo social dominado por representações das periferias e de seus moradores baseadas em estigmas que impedem uma apreensão global e complexa sobre as realidades sociais, econômicas, políticas, ambientais e culturais desses territórios. E, como o imaginário é um elemento fundamental na instituição do real, as representações estereotipadas sobre as periferias orientam, muitas vezes, políticas públicas e investimentos sociais privados. Estes, além de não efetivarem as reais demandas dos seus moradores, contribuem para reforçar processos de privação material e apropriação simbólica que fragilizam estratégias coletivas construídas pelos grupos periféricos para exercerem o seu direito à cidade. 

A dinâmica de estigmatização acontece tanto nos países dominantes (hegemônicos) como nos países subalternizados (não hegemônicos) na ordem econômica e sociopolítica vigente. Seus pressupostos são sociocêntricos: os padrões utilizados para qualificar as periferias, em geral, são referenciados em teorias urbanísticas e pressupostos culturais/estéticos vinculados a determinadas classes e grupos hegemônicos (dominantes). Eles consagram o que é um ambiente saudável, agradável e adequado às funções que uma cidade deve exercer no contexto do modelo civilizatório em curso. Na mesma linha, definem um determinado conceito de ordem e as formas pretensamente adequadas de comportamento social e de agir no mundo. 

Com isso, temos o fortalecimento das noções de ausência, carência e homogeneidade como elementos de percepções reducionistas e de classificações hierárquicas das periferias em relação aos demais espaços urbanos. Toma-se como expressivo aquilo que a periferia não seria em comparação a um modelo idealizado de cidade, baseado em padrões culturais e educativos colonizadores, construídos, em geral, pelas parcelas mais enriquecidas da população. Nessa compreensão, as periferias são concebidas como espaços precarizados e ilegítimos, cujos moradores têm a sua historicidade negada e são tratados de forma exotizada.

É preciso recusar essas visões reducionistas, estereotipadas e desqualificadora dos territórios periféricos, e avançar no sentido de compreender as periferias como elementos centrais da cidade, pois lhe dão identidade, sentido e humanidade. Deste modo, a definição de periferia não deve ser construída em torno do que ela não possui em relação ao modelo socioterritorial dominante ou a partir da sua distância física de um centro hegemônico. As periferias devem ser reconhecidas pelo conjunto de práticas cotidianas que materializam uma organização genuína do tecido social com suas potências inventivas, formas diferenciadas de ocupação do espaço e arranjos comunicativos contra-hegemônicos e próprios de cada território. 

Assim, é a partir da concretude da sua morfologia, do reconhecimento das práticas estabelecidas por seus moradores e das condições objetivas de sua vida social que devem se estabelecer as referências possíveis do que é uma habitação digna, dotada das condições necessárias para o bem-estar e bem-viver. As periferias devem ser vistas como um lugar pleno e complexo, onde grupos se aproximam por valores, práticas, vivências, memórias e posição social, afirmando sua identidade como força de realização de suas vidas. 

Apesar dos muitos desafios que ainda persistem com relação às condições de vida e ao acesso a direitos, é preciso reconhecer que as periferias manifestam suas potências de diferentes maneiras: na inventividade da população jovem e infantil; na valorização dos espaços comuns como lugar de convivências socioculturais; nos vínculos de solidariedade e reciprocidade nas relações de vizinhança e parentesco; nas expressões artísticas e culturais que renovam e atualizam as narrativas estéticas urbanas; no número significativo de iniciativas econômicas domésticas, solidárias e populares; no elevado grau de autorregulação e autonomia do uso do espaço público por parte dos moradores; na organização de soluções urbanísticas solidárias em termos de habitação, serviços públicos e equipamentos de uso comuns; nas experiências de convivências entre grupos de nacionalidades, etnias e religiosidades distintas; no forte protagonismo feminino em questões fundamentais, como a propagação de saberes ancestrais, condução de ações educativas, políticas, culturais e econômicas; na produção de conhecimentos, cuja complexidade deve ser amplamente reconhecida e valorizada pelo conjunto da sociedade; e na presença de modelos participativos, coletivos, movimentos e organizações sociais de luta pela afirmação e invenção direitos.  

Por fim, vale afirmar que, compreender a cidade em sua pluralidade é reconhecer a especificidade de cada território e, igualmente, fazer valer a condição cidadã de todos os seus moradores. Para tal, é necessário reconhecer as práticas sociais e culturais das periferias como formas de afirmação e invenção de direitos, que necessitam ser garantidos na forma de políticas públicas. Trata-se de um princípio de validação plena da vida social, democraticamente orientada e configurada nos usos legítimos do território por grupos populares. A garantia deste princípio só será possível a partir da construção de uma radical experiência democrática de direito à cidade. 

* Adaptação da “Carta da Maré, Rio de Janeiro: manifesto das periferias”, texto elaborado no marco da criação do projeto UNIPeriferias/Instituo Maria e João Aleixo, em 2018.

Centralidades Periféricas

Centralidades Periféricas consistiu em uma série de diálogos sobre as produções artísticas e culturais das periferias e favelas, realizada no IEA-USP e aberta ao público geral. O seu principal objetivo foi reunir artistas e ativistas, juntamente com representantes do universo acadêmico (docentes e pesquisadores), para discutir as estéticas, representações, práticas e disputas discursivas que envolvem as artes e as culturas que são produzidas a partir dos territórios periféricos.

Todos os diálogos buscaram refletir acerca das especificidades dessas produções em diferentes linguagens e expressões culturais, assim como sobre as trajetórias dos artistas e ativistas, suas circulações pelo mercado cultural, suas atuações políticas, as relações com o poder público, com os consumidores de diferentes perfis sociais e com a academia.

Com curadoria do poeta e educador Marcio Vidal, foram realizados 6 encontros entre 2018 e 2019, relacionados às seguintes temáticas: literatura, narrativas visuais, cena teatral, produção audiovisual, expressões do corpo e música.

DATATÍTULOPARTICIPANTES
18/jun/18(tarde)Reflexões sobre literatura periférica e universidadeSérgio Vaz (poeta e cofundador da Cooperifa), Marcio Vidal (poeta e pesquisador da USP), Heloísa Buarque de Hollanda (docente da UFRJ) e Érica Peçanha (antropóloga e pesquisadora da USP).
Mediação: Eliana Sousa Silva (Redes da Maré e Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)
28/set/18(tarde)Marcas na pele da cidade – narrativas visuais das periferiasCarlos Esquivel/ Mestre Acme (grafiteiro), Marcelo D’Salete (professor, ilustrador e autor de histórias em quadrinhos), Michel Onguer (artista plástico), Panmela Silva e Castro (artista visual e mestre em processos artísticos contemporâneos) e Sérgio Miguel Franco (curador e produtor cultural).
Mediação: Eliana Sousa Silva (Redes da Maré e Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)
22/out/18(tarde)A cena teatral que ecoa da periferiaCell Dantas (Bando de Teatro Olodum/BA), Fernando Yamamoto (Clown de Shakespeare/RN), Adriano Mauriz (Pombas Urbanas/SP) e Edson Paulo (Buraco d’Oráculo/SP) e Carolina de Camargo Abreu (antropóloga e pesquisadora da USP).
Mediação: Eliana Sousa Silva (Redes da Maré e Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)
27/nov/18(tarde)Quando as periferias constroem a sua própria imagemBira Carvalho (fotógrafo), Jeferson De (cineasta), João Roberto Ripper (fotógrafo), Marcus Faustini (cineasta e diretor teatral) e Thais Scabio (cineasta).
Mediação: Eliana Sousa Silva (Redes da Maré e Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)
25/mar/2019
(manhã)
Expressões de corpos periféricos na cidadeLia Rodrigues (coreógrafa e cocriadora do Centro de Artes da Maré), Rubens Oliveira (dançarino), Helena Katz (professora da PUC-SP e crítica de dança), Renata Prado (dançarina/SP), William Severo (dançarino e membro do Grupo Imperadores da Dança).
Mediação: Eliana Sousa Silva (Redes da Maré e Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)
25/mar/2019
(tarde)
Sons que ecoam das periferiasAcauam Oliveira (docente da UFPE), DJ KL Jay (Racionais Mc’s), Cláudio Miranda (Grupo Poesia Samba Soul), Karol Conka (cantora).
Mediação: Eliana Sousa Silva (Redes da Maré e Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência)

Os vídeos dos diálogos realizados estão disponíveis na midiateca do IEA-USP:

Primeiro encontro (literatura)

Segundo encontro (narrativas visuais)

Terceiro encontro (teatro)

Quarto encontro (cinema e fotografia)

Quinto encontro (expressões do corpo)

Sexto encontro (música)

Censo Pontes e Vivências de Saberes


OBJETIVOS

O Censo Pontes e Vivências de Saberes é um diagnóstico populacional e sociocultural das comunidades vizinhas à Cidade Universitária (Jardim São Remo e Sem-Terra/Vila Clô) e à Escola de Artes, Ciências e Humanidades (Jardim Keralux e Vila Guaraciaba). A ênfase dessa pesquisa é o perfil demográfico das populações que ali residem, incluindo suas práticas culturais e formas de relacionamento histórico com a universidade, além da caracterização dos animais domiciliados.

O objetivo é produzir uma visão global sobre a realidade da população periférica do entorno da USP, a fim de subsidiar a identificação de demandas sociais e a formulação de propostas direcionadas ao poder público e às instituições privadas com foco na responsabilidade social. 

São ainda objetivos específicos: quantificar e caracterizar os domicílios e seus moradores no que diz respeito ao acesso a bens e serviços, nível de renda, trabalho, condições de vida e saúde; mapear as instituições comunitárias (igrejas, escolas, postos de saúde, ONGs etc.); levantar atores que promovem ações culturais e esportivas; identificar aspectos urbanísticos do entorno dos domicílios; elaborar cadastro de endereços para fins estatísticos; caracterizar cães e gatos domiciliados, bem como a presença de escorpiões e roedores nessas localidades. 

O Censo Pontes e Vivências de Saberes foi inspirado no Censo Maré, realizado em um conjunto de favelas localizado no Rio de Janeiro (https://redesdamare.org.br/br/info/12/censo-mare). 


JUSTIFICATIVA

A relevância de um censo local está relacionada ao interesse por gerar informações específicas de cada um dos contextos pesquisados, tendo em vista que o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado a cada dez anos e com cobertura nacional, oferece uma caracterização mais geral da população do Brasil e de suas demandas. 

Trata-se de produzir dados mais precisos e que possam ser representativos do peso demográfico e da participação social, econômica, política e cultural dos moradores de periferias e favelas no contexto da cidade de São Paulo. Além disso, busca-se romper com a estigmatização dessas localidades como territórios de carências e ausências, dando visibilidade às suas formas de sociabilidade, práticas culturais, iniciativas econômicas e projetos de intervenção social.

Entende-se que não apenas os dados produzidos, mas também as articulações que foram organizadas ao longo da pesquisa, tanto com moradores e lideranças das localidades pesquisadas, quanto entre os docentes envolvidos na análise dos dados, têm grande potencial para aproximar e melhorar a relação da USP com a sua vizinhança. 

Espera-se, ainda, que os dados gerados pelo Censo possam qualificar as reivindicações dos moradores desses territórios, subsidiar novos projetos de pesquisa e extensão dos professores da USP, e também possibilitar a organização de um grupo de trabalho propositivo de novas ações, programas e políticas da USP, mais abrangentes e integrativas, relacionadas ao Jardim São Remo, Sem-Terra, Jardim Keralux e à Vila Guaraciaba. 


MÉTODO

Todos os conceitos e procedimentos de coleta provêm do método de cobertura utilizado pelo IBGE, consagrado em metodologias internacionais de coletas domiciliares. O território é dividido em setores censitários e cada recenseador/a fica responsável por aquela unidade territorial.

Os pesquisadores fazem os registros em folhas de coleta, onde são considerados domicílios de todas as espécies, condições de uso e finalidade, assim como serão registrados os empreendimentos econômicos e as instituições comunitárias em uma segunda etapa da pesquisa. Além disso, são realizadas entrevistas em cada unidade (casa, comércio, instituição), por meio de questionários estruturados.

Os questionários são preenchidos em um aplicativo do tipo open data kit, o ODK Collect, da Google Corporation, e os dados são exportados para a plataforma de dados Ona.io. Os recenseadores são munidos de dispositivos eletrônicos do tipo tablet, dotados de sistema operacional Android, para a realização das entrevistas. Os tablets possuem geolocalizador e acesso a dados móveis de internet. As coordenadas geográficas dos domicílios e outras unidades também foram coletadas, no intuito de permitir o georreferenciamento das informações analisadas.


EQUIPE E PARCEIROS

O projeto ofereceu capacitação em pesquisa social e levantamento de dados primários em territórios periféricos para 72 estudantes de graduação e pós-graduação, sendo que 56 deles atuaram diretamente no censo. Além deles, 10 moradores dos contextos recenseados contribuíram como articuladores locais da pesquisa. 

As etapas de seleção de pesquisadores e de análise dos dados levantamentos contaram com a participação de 11 professores da USP. Já a coordenação da pesquisa e da formação envolveu 2 consultores.


RESULTADOS

O levantamento dos dados populacionais foi iniciado em fevereiro de 2019 e finalizado em março de 2020. No conjunto dos territórios pesquisados, foram alcançados como resultados quantitativos 5.846 domicílios, 17.588 pessoas e 2.811 animais (cães e gatos) recenseados.

Esses dados estarão disponíveis em uma publicação impressa e um aplicativo web. 


Plataforma Conexões USP-Periferias

A plataforma digital Conexões USP-Periferias é uma base de dados multidisciplinar ligada ao site do Instituto de Estudos Avançados da USP, criada com o objetivo de sistematizar e divulgar iniciativas de professores, estudantes e pesquisadores da Universidade de São Paulo com foco em periferias e favelas.  

A plataforma é resultado de um levantamento das ações e produções da USP nos eixos de ensino, pesquisa e extensão, no que diz respeito às particularidades empíricas e formulações teóricas sobre as periferias e as favelas e suas populações. Tal levantamento foi realizado entre janeiro de 2019 e abril de 2020, tendo como principal fonte de pesquisa as bases de dados do Sistema USP.

No eixo ensino foram identificadas disciplinas de graduação e pós-graduação, as monografias de conclusão de curso, dissertações e teses que contemplam discussões ligadas às periferias e favelas. 

No eixo pesquisa foram mapeados grupos de pesquisa e estudos que se dedicam às temáticas enfocadas, assim como a produção acadêmica resultante de investigações científicas na forma de artigos, publicações e trabalhos de evento

No eixo extensão foram levantados os editais da USP de estímulo a iniciativas que aproximam universidade e sociedade, os programas e projetos desenvolvidos por docentes e/ou discentes em regiões periféricas ou para as populações que habitam esses territórios. 

Também foi realizado o levantamento de docentes que têm suas trajetórias de pesquisa relacionadas às temáticas das periferias e favelas, e dos coletivos discentes com atuação voltada para a presença/permanência de sujeitos periféricos na universidade, bem como ao combate às variadas opressões (baseadas em raça, gênero e sexualidade) que têm relação com a produção territorial da periferia.

Espera-se que essa base de dados se torne uma referência de conteúdos para as comunidades interna e externa à USP, por isso mesmo foi idealizada como uma plataforma de fácil acesso e interação. Mais do que um ambiente de sistematização de atividades, produções e trajetórias acadêmicas, a plataforma pretende oferecer dados qualificados à sociedade, sem a pretensão de alcançar a amplitude dos trabalhos desenvolvidos no âmbito da USP ou de esgotar as possibilidades de devolutiva do conhecimento produzido sobre as periferias para as próprias periferias.

Este espaço interativo pretende ampliar os lugares de escuta institucionais, que se fazem tão importantes nos mais diversos contextos sociopolíticos e culturais. 


NOTAS METODOLÓGICAS

Os dados aqui apresentados foram produzidos por uma equipe especialmente formada para desenvolver o conteúdo da plataforma, composta por pesquisadores-bolsistas da USP, de graduação, pós-graduação e pós-doutorado. Além disso, a equipe contou com a colaboração de profissionais das áreas de comunicação e informática do IEA-USP.

O trabalho teve início com a formulação da proposta da plataforma virtual quanto aos dados que seriam levantados, suas fontes, formas de sistematização e de apresentação. Também foram definidas algumas palavras-chave para orientar a produção de dados e dos conteúdos, considerando as especificidades de cada área do saber e suas maneiras de se relacionar com as realidades empíricas e formulações teóricas em torno dos territórios periféricos e das favelas. 

Como uma primeira etapa de um trabalho para o qual se espera ter continuidade e atualizações, optou-se por um conjunto de termos que remetem às especificidades geográficas, econômicas, culturais, sociais e políticas das periferias e favelas, mas que também se relacionam com as representações sociais, os equipamentos existentes, os moradores e suas práticas, as ações coletivas, as produções artísticas e as políticas públicas direcionadas a esses territórios.

As palavras-chave usadas como referência para o levantamento de dados foram: ação afirmativa(ações afirmativas), baixa renda, break, clínica da família, comunidade urbana, creche comunitária, creche pública, cultura popular, desigualdades sociais, economia informal, economia solidária, educação popular, escola pública, favela, funk, grafite (graffiti), habitação popular, hip hop (hip-hop), literatura marginal, literatura periférica, marginalidade social, movimentos populares, participação comunitária, periferia, pobreza urbana, posto de saúde, projeto social, rap, samba, sarau, segregação urbana, subúrbio, teatro comunitário, teatro popular, UBS (Unidade Básica de Saúde), várzea, violência urbana e vulnerabilidade. Foram incluídos, também, os termos Jardim São Remo, Jardim Keralux e Vila Guaraciaba, tendo em vista que esses são territórios enfocados no Censo que foi realizado no contexto do Projeto Democracia, Artes e Saberes Plurais.

A partir dessas palavras-chave foram sistematizadas a produção acadêmica, as pesquisas de docentes e discentes, as disciplinas de graduação e pós-graduação, os trabalhos apresentados em eventos e as ações de cultura e extensão da USP que contemplam periferias e favelas nos contextos nacional e internacional. Todos os levantamentos tiveram como referência o ano de 2019, sendo estendidos de forma retroativa até data de publicação do registro mais antigo disponível nas bases de consulta, quando a pesquisa foi realizada: o ano de 1945, no caso das teses e dissertações, 1985 para as publicações e trabalhos de eventos e 2009 em relação às monografias de conclusão de curso.

Os dados referentes à produção acadêmica (artigos, livros, trabalhos publicados em eventos, dissertações, teses etc.) foram extraídos da Biblioteca Digital de Produção Intelectual da Universidade de São Paulo (https://bdpi.usp.br), e as monografias de conclusão de curso foram mapeadas na Biblioteca Digital de Trabalhos Acadêmicos ( https://tcc.sc.usp.br).  Os dados levantados nessas bases virtuais totalizaram pouco mais de 31 mil registros e passaram por uma curadoria, tanto para a identificação daqueles relacionados às temáticas contempladas pela plataforma, como para a exclusão de registros repetidos, uma vez que um mesmo trabalho pode estar associado a mais de uma palavra-chave. No total, foram incluídos aqui 3.474 registros, sendo: 1.617 teses e dissertações, 622 publicações (livros, capítulos de livro, produção didática ou artística, textos de jornal ou internet, relatórios técnicos), 623 artigos de periódicos acadêmicos, 491 trabalhos de eventos e 121 trabalhos de conclusão de curso de graduação. Cabe apontar, no entanto, que o levantamento da produção acadêmica ainda não foi finalizado, restando ainda mapear os trabalhos relacionados às palavras-chave: clínica da família, desigualdades sociais e escola pública. 

Com relação ao mapeamento das disciplinas, foram acessadas as plataformas Júpiter (https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/) e Janus (https://uspdigital.usp.br/janus/), que são os portais de apoio à graduação e pós-graduação na USP. A busca nesses sistemas foi realizada a partir da relação de disciplinas obrigatórias e eletivas oferecidas por 70 unidades USP (entre unidades de ensino, institutos especializados e museus), e teve como base a leitura das ementas disponíveis. Foram sistematizadas 336 disciplinas, sendo 189 de graduação e 147 de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), tendo sido consideradas pertinentes à esta plataforma aquelas que contemplam discussões relacionadas às periferias e favelas nos seus objetivos, conteúdo programático e referências bibliográficas, como também as que abrangem visitas e trabalhos de campo em áreas periféricas. 

Os docentes especialistas foram identificados com base no próprio levantamento de produções acadêmicas realizado para a plataforma, a partir da contabilização do número de registros associados a cada um dos docentes mapeados. Foram sistematizadas informações referentes a 125 docentes, ligados a todas as unidades de ensino da USP e em quantidade proporcional ao total de registros de cada unidade no conjunto do mapeamento. Nesse sentido, a proximidade das temáticas das periferias e favelas com as ciências sociais e humanas resultou em um número maior de especialistas ligados a esses campos do saber. 

O mapeamento dos  35 grupos de pesquisa e estudos teve como ponto de partida a lista dos docentes especialistas e foi complementado com a consulta aos sites de cada unidade de ensino da USP.

Já os coletivos discentes foram identificados a partir de pesquisas na internet e também por meio da indicação de estudantes e professores da USP. Esses coletivos foram contatados e responderam a um conjunto de questões relacionadas ao histórico de atuação, objetivos, perfil dos participantes e ações realizadas. O interesse foi mapear não apenas coletivos protagonizados por sujeitos periféricos, mas, também, aqueles cuja criação e existência se voltam para a discussão e o combate às desigualdades que impactam as condições de vida dos moradores as periferias e favelas e estão relacionadas às questões raciais, de classe, gênero e sexualidade. No total, tem-se 62 coletivos, sendo que 27 deles forneceram informações por meio de entrevistas. 

As ações de extensão foram sistematizadas a partir da consulta aos sites de cada unidade de ensino, bem como das Pró-Reitorias de Cultura e Extensão, de Graduação e de Pesquisa da USP. Apesar da oferta significativa de eventos e cursos de difusão oferecidos para a comunidade externa, e dos diversos equipamentos abertos ao público geral (como centros culturais e museus), foram privilegiadas aqui apenas as iniciativas com regularidade ou constância que promovem a interação entre universidade e sociedade, e que contemplem territórios e populações periféricas. Foram mapeadas 101 ações sendo: 18 editais regulares de apoio financeiro a novos projetos docentes e discentes, 7 programas permanentes de integração universidade-comunidade ligados à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, 7 Núcleos de Apoio à Cultura e à Extensão (NACEs), 14 cursos pré-vestibulares destinados à população de baixa renda e 55 iniciativas de extensão e cultura desenvolvidas por professores, estudantes e/ou funcionários da USP. 


EQUIPE DE TRABALHO

Érica Peçanha do Nascimento
Érica Peçanha do Nascimento

Pós-doutoranda do Instituto de Estudos Avançados da USP
Coordenação geral da pesquisa
Responsável pelo desenho metodológico, formação da equipe, levantamento de dados e elaboração dos textos do site
Vínculo de janeiro de 2019 a junho de 2021
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/7131710198286121

Leandro de Oliva Costa Penha
Leandro de Oliva Costa Penha

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (ECA-USP)
Responsável pelo levantamento de dados, pela pesquisa de imagens e revisão de conteúdo
Vínculo de janeiro de 2019 a março de 2020
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/2645606448629936

Claudia Rosalina Adão
Claudia Rosalina Adão

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP)
Responsável pelo levantamento da produção acadêmica
Vínculo de janeiro a março de 2019
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/2251877198454214

Telma Azevedo
Telma Azevedo

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte (USP)
Responsável pela revisão dos dados
Vínculo de abril a maio de 2019
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/3386990686337829

Isis Belon Fernandes
Isis Belon Fernandes

Graduanda em Ciências Sociais (FFLCH-USP)
Responsável pelo levantamento das disciplinas e pela revisão de dados
Vínculo de junho de 2019 a fevereiro de 2020
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/9286042450947376

Vitor Soares Miceli
Vitor Soares Miceli

Graduando em Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP)
Responsável pelo levantamento dos docentes especialistas e grupos de pesquisa
Vínculo de julho a dezembro de 2019
Currículo acadêmico: http://lattes.cnpq.br/8149133101946503

Marianna Gabrielli Alves
Marianna Gabrielli Alves

Graduanda em Letras (FFLCH-USP)
Responsável pelo levantamento dos coletivos discentes
Vínculo de julho a setembro de 2019
(não possui currículo acadêmico)


COLABORADORES

Fotos

Clara Borges

Leonor Calasans

Martin Grossmann

Danilo Pereira Sato

Design

Bruna Montuori

Liana Ventura

Suporte ao desenvolvimento web e ao levantamento de dados

Aziz Salem

Desenvolvimento web

Outsiders