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Autor(a):

Priotto, Elis Maria Teixeira Palma

Orientador(a):

Silva, Marta Angelica Iossi

Ano de publicação:

2013

Unidade USP:

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto [EERP]

Assuntos:

adolescentes; violência; fronteiras

Palavras-chave do autor:

adolescente;áreas de fronteira;violência;vulnerabilidade social

Resumo:

Introdução: A violência social está presente na sociedade, expressando-se de forma associada a outros tipos de violência e conformando uma rede onde se expressam os conflitos do sistema social em que se articulam os níveis interpessoais. A violência praticada e sofrida entre os adolescentes materializa-se nos diversos espaços sociais, envolvendo-os enquanto vítimas, agressores, vítimas/agressores, nem vítimas nem agressores - expectadores. Objetivo: Analisar a existência de associação da variável violência (vítima e agressor) com relação às variáveis de interesse de estudo envolvendo adolescentes estudantes na tríplice fronteira. Método: Estudo transversal analítico, utilizando-se uma amostra aleatória estratificada de adolescentes de 12 a 18 anos de idade, alunos de escolas públicas, da área urbana, dos municípios de fronteira Foz do Iguaçu (BR), Ciudad del Este (PY) e Puerto Iguazú (ARG), no período de 2010 a 2012. Analisaram-se os dados de 2.788 questionários pelo programa Statistical Analysis Software (SAS), por meio de regressão logística para identificar fatores associados a sexo, país e à categorização de participantes da violência, segundo a medida de quantificação da associação Odds Ratio. Resultados: Evidenciou-se uma média da idade de 14,6 anos (Desvio-padrão 2,1), a maioria foi do sexo feminino (50,7%), de cor/etnia branca (43,9%), católicos (53,7%), solteiros (87%) com uma renda mensal familiar de 1 a 3 salários-mínimos (35,6%) na moeda vigente para cada país analisado. Dentre a categoria de participantes da violência (vítima, agressor, vítima/agressor, nem vítima nem agressor), por faixa etária e sexo obteve-se uma associação significativa de vítima para o sexo feminino (OR=M/F=0,82) e agressor (OR=M/F=1,44) e vítima/agressor (OR=1,2) para o sexo masculino. A análise por país mostrou maiores chances para, no Brasil (OR=ARG/BR=0,67 e OR=PY/BR=0,76), ser vítima e (OR=PY/BR=0,64) vítima/agressor, no Paraguai (OR=1,56) nem vítima nem agressor e, na Argentina (OR=1,64), ser vítima/agressor. As violências caracterizaram-se em interpessoal, coletiva e autoinfligida. O adolescente que se apresenta como vítima afirma sofrer humilhações, agressões verbais e ameaças. Afirma que quem o agride são pessoas desconhecidas e familiares. Os adolescentes agressores do sexo masculino e feminino praticam violências tanto verbais como físicas, furtos como roubos, contra namorados, amigos, vizinhos e desconhecidos. A violência autoinfligida aparece por pensar em suicídio, com ênfase entre as adolescentes da Argentina. Os motivos de cometer violências são múltiplos como para se defender e para se divertir. Apontam-se como causas para a violência o uso de drogas e bebidas alcoólicas e para diminuir a violência afirmam ter de aumentar o policiamento e as famílias orientarem melhor seus filhos. O desconhecimento da existência de políticas públicas e de programas a eles dirigidos evidenciou-se entre a maioria dos adolescentes, nos três países. Conclusão: A violência social existente é preocupante e, diante do contexto e das variáveis analisadas, sugere-se que ter religião, ter curso profissionalizante, praticar esportes, fazer algo no seu tempo livre e estar trabalhando não é fator de proteção contra a condição de participantes da violência. Entretanto, sabe-se que a violência não é inevitável, e os três países necessitam aprimorar o enfrentamento do problema com a estruturação de uma política de fronteira que priorize a prevenção primária e que os profissionais, na atuação junto aos adolescentes, reconheçam que os adolescentes são vítimas e também agressores, a fim de assumirem uma responsabilidade compartilhada na luta contra as iniquidades, os descasos e o crime organizado transnacional, estabelecendo uma estratégia de ação conjunta.

ABNT:

PRIOTTO, Elis Maria Teixeira Palma; SILVA, Marta Angélica Iossi. Violência envolvendo adolescentes estudantes na tríplice fronteira: Brasil - Paraguai - Argentina. 2013.Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-07012014-162715/ >.