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Nível de ensino:

Pós-Graduação

Unidade USP:

Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas [FFLCH]

Área de concentração:

Geografia Humana

Departamento:

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Docente(s) responsável(is):

César Ricardo Simoni Santos

Objetivos:

A disciplina abordará os processos de urbanização do território brasileiro e as dinâmicas espaciais urbanas movimentadas pelos mais recentes investimentos imobiliários nas grandes metrópoles nacionais, procurando encontrar os nexos entre eles a partir de uma organização objetivamente diacrônica definida pelo conjunto de estratégias forjadas em função dos arranjos políticos e econômicos que são próprios de cada momento particular da história recente do território brasileiro. Assim, espera-se que os alunos e pesquisadores possam: a) Conhecer a discussão em torno da expansão econômica sobre espaços de formação não propriamente capitalista a partir do debate teórico e de algumas das interpretações que giram em torno do conceito de acumulação primitiva, relacionando a noção de sobreacumulação à própria dinâmica geográfica do capital; b) Compreender a relação entre as especificidades da industrialização da economia brasileira e uma dinâmica territorialmente expansionista que impulsionou a urbanização brasileira ate os anos 1970; c) Refletir sobre o papel do uso do fundo público como determinante de uma urbanização tipicamente expansionista do território brasileiro e de sua relação com as formas específicas da acumulação durante os anos do desenvolvimentismo; d) Relacionar o processo de centralização capitalista, em meio ao processo de financeirização da economia, ao processo de centralização geográfica do capital na metrópole de São Paulo; e) Compreender as relações entre as estratégias de acumulação e as dinâmicas espaciais prioritárias em cada um desses momentos; f) Compreender a diferença entre produção e reprodução do espaço urbano.

Justificativa:

Tradicionalmente, as abordagens sobre a urbanização brasileira são tratadas em separado dos problemas assumidos no campo da geografia urbana. Este curso tem a pretensão de traçar os nexos entre esses campos analíticos a partir da observação das cambiantes dinâmicas espaciais do urbano em suas relações com as estratégias políticas e de acumulação do capital em território brasileiro. Assim, a tese perseguida no curso aponta para o fato de que os trabalhos realizados no campo da geografia urbana mais atual se posicionam no último estágio do processo da urbanização brasileira. Nesses termos, a trajetória percorrida sinaliza também para uma profunda alteração na dinâmica espacial do capitalismo no Brasil: trata-se do reconhecimento da passagem da produção à reprodução do espaço urbano como dinâmica prioritária da acumulação.

Programa:

O curso deverá problematizar o movimento dos investimentos de capital a partir das diferentes dinâmicas espaciais da urbanização. Para isso, nas doze aulas do curso e nas leituras preparatórias serão abordados os seguintes temas: a) Interpretações sobre as crises de sobreacumulação e sobre o conceito de acumulação primitiva e suas possíveis relações com a dinâmica espacial da economia capitalista; b) O déficit departamental da economia industrial brasileira até os anos 1950 e sua relação com a dinâmica territorialmente expansionista do capital industrial em território brasileiro; c) A tendência à sobreacumulação durante a fase da industrialização pesada e a dependência de dispositivos expansionistas que se traduziram numa urbanização extensiva do território brasileiro; d) Os mecanismos primitivos de acumulação no campo e o papel da expansão da fronteira agrícola para a sustentação das taxas de lucro e reinvestimentos da economia industrial brasileira; e) Uma interpretação sobre a crise da dívida brasileira e sobre o seu impacto nas políticas de expansão territorial da economia; f) A mudança de orientação das políticas habitacionais; g) A centralização geográfica do capital e os novos investimentos imobiliários nas grandes metrópoles brasileiras; h) Os ajustes institucionais ligados ao mercado imobiliário urbano nos anos 1990-2000; i) Uma análise do Programa Minha Casa Minha Vida como política de salvamento (para além de uma política anticíclica); j) Apresentação de uma perspectiva sobre o processo de uma “segregação especificamente urbana”.