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Nível de ensino:

Pós-Graduação

Unidade USP:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo [FAU]

Área de concentração:

Paisagem e Ambiente

Departamento:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Docente(s) responsável(is):

Euler Sandeville Junior

Objetivos:

Trabalhar o direito à paisagem e ao ambiente a partir dos conceitos e de experiências em curso dos Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem (TICPs), da paisagem como experiência partilhada e construção social e da cidade como espaço educativo. Contribuir para a construção colaborativa de conhecimento, para o desenvolvimento local sustentável e para a elaboração de projetos inovadores de construção e gestão de políticas públicas participativas, visando à qualificação das paisagens e dos territórios. Discutir, a partir desses territórios, conceitos e métodos para diagnóstico, gestão e planejamento da paisagem e suas escalas de entendimento e intervenção, ancorados numa compreensão crítica dos processos socioambientais de decisão, construção e apropriação do espaço. Estabelecer estratégias de aprendizagem em ação e em dinâmicas experimentais que favoreçam a construção de processos colaborativos de interpretação, valoração, decisão e ação dialógica na transformação das paisagens.

Justificativa:

Os Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem em São Paulo correspondem a um instrumento urbanístico inovador criado em 2014 no Plano Diretor Estratégico de São Paulo (Lei n.16.050/2014, artigos 314 a 317, cf. também 67, 312), inserido na proposição dos Núcleos Regionais de Planejamento (Art. 324 § 1º). Em sua concepção e criação, o Núcleo de Estudos da Paisagem (NEP;LabCidade FAU USP) teve um papel decisivo e, a partir de sua implementação, tem desenvolvido projetos, estudos e programas em parceria com instituições públicas, moradores e movimentos da sociedade civil na área ambiental, da educação e da saúde, em especial na construção do TICP Jaraguá Perus. Assim, a disciplina apresenta uma perspectiva fortemente experimental e exploratória, privilegiando a compreensão de conceitos, princípios e construção crítica de significados a partir de estudos e vivências na paisagem em processos participantes de estudo. A cidade é, na concepção dos processos procurados na disciplina e para o aprimoramento dos instrumentos e políticas existentes, um espaço educativo, cultural e colaborativo, reconhecendo seu potencial afetivo, transgeracional, cultural e de produção de conhecimentos e experiências. Busca-se, através da experiência acumulada no NEP/Labcidade e de outros parceiros, a articulação de políticas públicas e de formas de participação colaborativa de equipamentos educativos, da saúde e assistência, patrimônio cultural e natural, lugares de memória (lato senso), a produção cultural local e sua memória. Em sua concepção, a disciplina, problematizando conceitos e valores que fundam essas experimentações, busca contribuir de modo ativo e criativo com múltiplas estratégias em curso integrativas dos equipamentos sociais ou de movimentos autônomos locais. Há uma preocupação de se entender a questão local, referindo-se não apenas a suas questões e disputas internas, mas também à cidade e outros territórios, indagando criticamente fluxos entre seus diversos territórios, contradições, ações públicas, privadas e de construção de autonomia. A paisagem é pensada como um território educativo, com especial atenção a áreas de vulnerabilidade social, visando favorecer o desenvolvimento local, e a solução colaborativa e solidária de problemas, inclusive a geração de renda a partir da educação, do conhecimento e do compromisso com o espaço público e a qualidade ambiental. A disciplina procura, ainda, favorecer formas dinâmicas, inovadoras e participativas para a articulação e diálogo das escalas regionais e locais, dos órgãos setoriais e descentralizados, sempre buscando formas de participação direta e efetiva.

Programa:

1. Direito à Paisagem e ao Ambiente. Paisagem Partilhada, Dinâmica Ambiental. Pesquisa participante, pesquisa ação. Resistência não violenta. Territórios Educativos, Territórios Culturais, Territórios Solidários. 2. Interpretação da cidade, da paisagem e do ambiente. Estruturas urbanas e ambientais, interações escalares e qualidade de vida; cartografias e múltiplas possibilidades de representação, experiência e significação. 3. Desenvolvimento humano e social. Indicadores sociais e ambientais e o espaço vivido. Integração educação, saúde, cultura e meio ambiente. Memória, afetividade, a paisagem como espaço vivido, construção colaborativa de conhecimentos. Potencialidades culturais, educacionais e turísticas, geração de renda local e políticas públicas integradas. 4. Gestão descentralizada, gestão integrada e gestão partilhada. Núcleos Regionais de Planejamento. Autonomia local e cidade. Planos de Bairro. Novas possibilidades e estratégias de gestão integrada e partilhada na paisagem. Tensões e contradições. 5. Conceito e criação dos TICPs. Resistência, diálogo e inovação. O TICP Jaraguá Perus, o TICP Paulista Luz. Processos, projetos e experiências em curso na criação, construção e regulamentação dos TICPs e suas formas de gestão.