Ensino e pesquisa

Resumo:

Esta dissertação aborda a questão da violência através do discurso de moradores de uma rua periférica, situada em uma das áreas com maior índice de homicídios na cidade de São Paulo. Partindo do conceito do pluralismo jurídico, analisa as falas sobre instituições públicas - polícia, justiça e leis - apontando as lógicas subjacentes ao discurso: a do espaço da cidadania, da comunidade e a familiar, cada um com sua própria organização de poder. Mostra como a violência atinge as relações da vida privada - as familiares e as da vizinhança sendo a resposta dos moradores o isolamento crescente para dentro da esfera íntima. Apresenta como conclusão uma ligação direta entre proximidade à violência e menor confiança na lógica da cidadania, o que faz os moradores desistirem de recorrer ao Estado, já que suas instituições não ajudam na elaboração da experiência. Fica evidente também uma diferenciação entre os discursos dos homens e das mulheres. Mais pragmático, o das mulheres requer soluções funcionais, enquanto o dos homens, racionalizando, fala mais sobre as possibilidades de aplicar preferencialmente os recursos estatais. Concluindo, ainda, chama atenção para a nova forma de vitimização da violência: as mulheres que lutam para integrar as consequências da violência fatal em suas vidas e que estão sozinhas nesta empreitada.