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Autor(a):

Carril, Lourdes de Fátima Bezerra

Orientador(a):

Palheta, Iraci Gomes de Vasconcelos

Ano de publicação:

2003

Unidade USP:

Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas [FFLCH]

Assuntos:

negros; marginalidade social; segregação racial; segregação urbana

Resumo:

Esta pesquisa estuda a segregação sócio-espacial e racial em São Paulo, a partir do distrito de Capão Redondo. A área situa-se na zona Sul, e, a exemplo dos arredores de São Paulo, inseria-se desde o final do século XIX como produtor de gêneros agrícolas, além de produzir madeira e o carvão para a capital. O processo de metropolização concorreu para a formação de periferias e hiper-periferias, estabelecendo um forte contraste com seu entorno. Bairros, como o Morumbi e outros, localizados na zona Oeste, próximos ao centro da cidade, estão dotados de equipamentos públicos, serviços de lazer e cultura, enquanto a área estudada apresenta escassez desses mesmos investimentos. Ao mesmo tempo em que houve melhorias públicas nas periferias em resposta aos movimentos sociais, os pobres foram sendo empurrados para novos bolsões de pobreza. Destacamos a concentração de população afro-descendente nesses distritos mais pobres de São Paulo, não só por meio da contagem populacional, entrevistas e artigos de jornais, mas pelas letras das músicas rap, as quais apontam para a forma espacial da segregação racial no Brasil. Antigamente quilombos, hoje periferia denuncia o mito da democracia racial, pois aponta para linhas de continuidade da exclusão social e étnica do afro-descendente, mas, agora, revelando-a nos espaços da cidade. Analisamos essa forma de exclusão pelo conceito de banimento, o qual permite concluir que a metrópole expulsa seus pobres para locais mais distantes da cidade, sem infra-estrutura pública, onde há ausência do Estado. A questão central é a presença de um contingente de pobres na cidade vivenciando longos períodos de exclusão. Constatamos que eles têm sido, quase sempre os mesmos, desde a escravidão. Terras de ninguém, territórios-prisão ou de quilombos? A identidade e o território são elementos intrínsecos à realidade do cotidiano dos pobres da cidade, revelando uma longa busca da cidadania.

ABNT:

CARRIL, Lourdes de Fátima Bezerra; PALHETA, Iraci Gomes de Vasconcelos. Quilombo, favela e periferia: a longa busca da cidadania. 2003.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.