Dissertação (Mestrado)
Política social e política externa: a atuação de médicos cubanos em programas da Venezuela, da Bolívia e do Brasil
Autor(a):
Gombata, Marsílea
Orientador(a):
Villa, Rafael Antonio Duarte
Ano de publicação:
2016
Unidade USP:
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas [FFLCH]
Assuntos:
políticas públicas; saúde pública; política externa
Palavras-chave do autor:
Bolívia;Brasil;política externa;programas sociais;Venezuela
Resumo:
Os primeiros anos do século XXI trouxeram uma nova configuração para a América Latina. Políticos de esquerda ascenderam ao poder e, ancorados em uma retórica que indicava rompimento com o modelo neoliberal vigente em décadas anteriores, priorizaram em seus planos de governo uma agenda voltada para direitos sociais, como educação e saúde. Com o objetivo de reduzir a desigualdade que assolava o continente, governos como os de Hugo Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia e Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil ampliaram e criaram programas sociais em diversas áreas. Uma vez que tais políticas tiveram êxito dentro de casa, passaram a ser vistas como um ativo a ser explorado na pauta de política externa e nas relações com seus vizinhos. Ao transpor elementos domésticos para a seara exterior, esses países confirmavam a sua legitimidade dentro e fora de casa, percebendo, assim, a tecnologia social como um meio de fazer influência, se fazer presente em outros países e também como um elemento importante em troca de apoio econômico ou mesmo político, dentro e fora de acordos de cooperação. Um dos principais exemplos desse tipo de cooperação internacional envolvendo política social pode ser ilustrado com o fornecimento de médicos cubanos para atuar em redes de saúde pública de outros países. Com prévia experiência em missões no exterior, Cuba forneceu profissionais de saúde para programas sociais na Venezuela, Bolívia e Brasil, que buscaram com eles suprir a carência de médicos em periferias urbanas e áreas de vulnerabilidade, aumentando o foco dado à atenção básica na saúde. Esse elemento (médicos cubanos em sistemas de saúde de outros países) é uma característica quer perpassa as três experiências e indica uma mudança conjuntural na região. Afinal, a carência de médicos em áreas vulneráveis não é algo novo. O que mostra a opção por importar tais profissionais como uma escolha mais ampla do que uma simples solução para sanar um problema pode ser, em boa parte, explicado pelo caráter ideológico que as relações entre esses países mostra carregar, indo além das motivações geográficas. Ao incluir o tema social na agenda de política externa, esses países passam a protagonizar um tipo de integração particular, denominado regionalismo. Este leva em conta elementos sociais e políticos, e não apenas aspectos econômicos e militares, tradicionalmente priorizados em outros modelos. Ainda que tal mecanismo esteja em desenvolvimento, este estudo mostra de que maneira a política social passou a ser pensada como instrumento de política externa especialmente em programas da Venezuela, da Bolívia e do Brasil.
ABNT:
GOMBATA, Marsílea; VILLA, Rafael Antonio Duarte. Política social e política externa: a atuação de médicos cubanos em programas da Venezuela, da Bolívia e do Brasil. 2016.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-08042016-122331/ >.