Ensino e pesquisa

Resumo:

Analisamos aqui os discursos e as práticas da Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura da Cidade de São Paulo. No enfrentamento da pobreza nas periferias paulistanas, essa secretaria inovou de diversas maneiras, instituindo ou potencializando vários direitos (à alimentação, à saúde, à instrução, à mobilidade, à ocupação e assim por diante). Tais direitos estavam previstos na Constituição Federal de 1988, mas ainda não haviam sido efetivamente incorporados ao dia-a-dia dessas periferias, mais de uma década após sua promulgação. Apesar da inovação trazida pela Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, na concepção ou na implementação de suas diversas iniciativas, a tradição que envolvia a pobreza na cidade de São Paulo não deixou de se mostrar aí em alguns de seus piores aspectos. E se mostrar até mesmo em uma espécie de "descompasso" entre os direitos constituídos ou exponenciados por essa secretaria e aqueles apreendidos ou exercidos pelos habitantes das periferias. Por vezes, o que foi enunciado como direitos acabou registrado como mera ajuda ou favor, com toda a perversidade que essas palavras podiam adquirir. E, certamente, esse "descompasso" não foi devido a qualquer espécie de "irracionalidade" dos moradores das periferias, mas sim a fatores que incluíam a própria experiência destes últimos com a questão social na cidade e, também, a dificuldade da Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade em lidar com esta experiência no plano material e, principalmente, simbólico.