Ensino e pesquisa

Resumo:

Esta pesquisa analisou um programa federal de inclusão social de jovens pobres - o Programa Serviço Civil Voluntário - por meio do acompanhamento de duas experiências desenvolvidas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em virtude do crescimento dos problemas que afetam os jovens das camadas populares urbanas - pobreza, desemprego, trabalho precário, violência e exclusão da escola - algumas iniciativas estatais e não-governamentais se expandiram recentemente no Brasil. O programa investigado estava voltado para o atendimento a jovens em situação de risco social por meio da sua preparação para o trabalho, da promoção do seu retorno à escola, da formação para a cidadania e do desenvolvimento de trabalhos comunitários. A pesquisa foi desenvolvida a partir do acompanhamento de duas turmas localizadas em bairros pobres da periferia da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Trata-se de um estudo de caso que utilizou diferentes instrumentos para a coleta dos dados: análise de documentos, observação de campo e entrevistas com jovens, pais, formadores e gestores. São turmas constituídas por meio de parcerias com a Igreja Católica, coordenadas por lideranças leigas arregimentadas no bairro através da pastoral social da Arquidiocese de Belo Horizonte. O curso foi alojado nos salões paroquiais dos bairros, cuja estrutura constituía-se de um grande salão com banheiros, quadro negro, mesa, carteiras, vídeo e TV. De um total de 63 alunos matriculados nas duas turmas, concluíram o curso 53 jovens, entre estes apenas 7 mulheres. Dois eixos de análise guiaram a investigação ). O primeiro procurou discutir o papel atribuído ao programa como instrumento de integração social e de inserção no mercado de trabalho dos jovens atendidos e esclarecer a sua relação com as questões postas pelo processo de reestruturação capitalista como o desemprego e o subemprego juvenil, as situações de marginalidade e de expansão da violência entre os jovens, etc. O segundo buscou compreender a articulação do programa com outras iniciativas de políticas públicas de juventude no Brasil. Nesse caso tratou-se de analisar como a juventude urbana pobre e as iniciativas públicas voltadas a este segmento têm sido concebidas. A hipótese que me guiou é que essas iniciativas se caracterizam como estratégias de gestão da pobreza juvenil. Diante das dificuldades estruturais das economias capitalistas contemporâneas em gerar empregos e promover a mobilidade social, elas se transformam em meras políticas de ocupação do tempo e de combate à ociosidade juvenil. Conforme a pesquisa verificou, as experiências foram desenvolvidas em um quadro de grande precariedade, tendo, o programa, um caráter compensatório e não alcançando os objetivos inicialmente pretendidos com relação à inclusão social dos jovens atendidos.