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Marginalidade Social, Segregação Urbana, Várzea

Autor(a):

Maia, Ana Terra Amorim 

Orientador(a):

Schenk, Luciana Bongiovanni Martins

Ano de publicação:

2014

Unidade USP:

Escola de Engenharia de São Carlos [EESC]

Palavras-chave do autor:

várzeas; fundo de vale; parque linear; Água Espraiada; desapropriação; degradação ambiental

Resumo:

De elementos essenciais ao estabelecimento de comunidades a obstáculos ao bom funcionamento da cidade, os rios foram encarados de distintas maneiras e sofreram intervenções de natureza diversa no processo de desenvolvimento urbano. As áreas de várzea, integrantes dos cursos naturais dos rios e essenciais à manutenção do equilíbrio ecológico, foram sucessivamente degradadas por ações antrópicas em ambientes urbanos. Apesar da baixa capacidade de suporte dos solos e da dificuldade de dispersão de poluentes, foram construídos nos fundos de vale sistemas viários e de drenagem, concomitantemente à proposição de alternativas para ocultar os rios por meio de aparatos tecnológicos, obras que culminaram no desaparecimento da água das cidades. As ações que legalmente buscaram proteger essas áreas, criaram um paradoxo: foram desconsideradas pelo mercado imobiliário formal e ocupadas ilegal e desordenadamente por populações de baixa renda, na ausência de políticas públicas que lhes garantissem moradia adequada. Tais áreas tornaram-se mais suscetíveis a inundações e deslizamentos, evidenciando a lógica de que as populações mais socialmente vulneráveis habitam as regiões mais ambientalmente vulneráveis. A tipologia de parque linear surge para adaptar o ambiente natural das áreas de fundo de vale, criando espaços que atuam como conectores de áreas verdes, colaborando no controle de enchentes e transformando os cursos d’água em elementos potencializadores da paisagem e vida urbana, provendo áreas para o lazer e a coesão social. Afim de que sejam espaços socialmente justos, de caráter integrador e multifuncional, é essencial a participação comunitária em seu planejamento, projeto e manutenção. A construção do Parque Linear do Córrego Água Espraiada, integrante do conjunto de intervenções da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada, implicará na desapropriação de milhares de imóveis tanto formais quanto informais, em um panorama que expõe uma situação de degradação ambiental e distintos níveis de precariedade dos assentamentos e construções. Somente uma política pública responsável poderá garantir uma requalificação urbanística equitativa e inclusiva, trazendo benefícios socioambientais a toda a população.