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Nível de ensino:

Pós-Graduação

Unidade USP:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo [FAU]

Área de concentração:

Paisagem e Ambiente

Departamento:

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Docente(s) responsável(is):

Euler Sandeville Junior, Jorge Bassani

Objetivos:

Problematizar a construção da contemporaneidade considerada em múltiplas camadas, durações e recortes temporais e territoriais; Questionar as estratégias e movimentos implicados com a transformação de comportamentos e valores e suas representações e visões de mundo mobilizadas; Problematizar diálogos conflitantes na disputa comunicativa, econômica e social no espaço público da contemporaneidade; Problematizar poéticas colaborativas de resistência cultural, não-violenta ou solidárias, entre outras.

Justificativa:

As territorialidades e tensões culturais permeiam a cultura contemporânea. Pensar o contemporâneo é pensar o conjunto dessas manifestações culturais, artísticas, de resistência cultural, étnicas, religiosas, em suas contradições sociais, nos campos antagônicos que são postos em movimento e em conflito, nas formas de coexistência que se precisam reinventar, nas diversas dimensões espaciais e temporais em que esses processos se verificam. Os marcos emblemáticos da cultura contemporânea e da pretendida contracultura, expressos em movimentos artísticos e coletivos como os beats, situacionistas, fluxus, movimento hippie, movimentos contra guerras e outros tantos, alimentaram e alimentaram-se de formas de ativismo e ação no espaço urbano, a partir de uma reproposição do comportamento, dos afetos, da sexualidade, da ação política, das formas de organização. Os Fóruns Sociais, coletivos de arte e formas de ativismo alternativas, o rap, o grafite, o picho, o hip hop, grupos de cultura negra e outras formas de grande potência nas camadas mais jovens da população periférica, procuraram ou procuram se opor a processos extremamente violentos da sociedade globalizada, com impacto nas formas de comportamento e comunicação, na mobilidade, na sociabilidade, na percepção e fruição da paisagem, nas apropriações simbólicas da natureza e representações do urbano. Porém, esses movimentos integram um fenômeno muito mais amplo que se precisa reconhecer. Entre outros fenômenos, as disputas entre associações políticas conservadoras e progressistas evidenciam questões não resolvidas na constituição histórica da modernidade. Atenção crescente vêm exigindo os conflitos de natureza geopolítica e étnica, implicando a mobilidade forçada ou espontânea de enormes contingentes de população, acirrando as diferenças e polaridades no campo político institucionalizado e nas relações multilaterais, acirrando as questões étnicas e culturais, de valores, de formas de construção da identidade na sociedade contemporânea, desdobrando os conflitos regionais em aspectos muito amplos de uma cultura em crise. A estes se opõem também convicções e alternativas não-violentas e solidárias de convívio, construção de direitos e solução de problemas, de longa construção histórica, buscando outras vias políticas e práticas sociais. Transitoriedade, conservadorismo e cooptação econômica se entrelaçam nas possibilidades contemporâneas com as estratégias de resistência com as quais estão em conflito e nas quais se acirram os campos mentais e sociais em disputa. A ambivalência e flexibilização que se estabelece no comportamento e na produção vem a par tanto de uma normatização quanto de uma violência crescentes, que em nosso entender visa manter a coesão civilizatória em coexistência tensa. O entendimento desses processos revela, entretanto, temporalidades muito mais longas do que um corte restrito do contemporâneo, tanto do ponto de vista das relações territoriais globais, quanto das expressões locais. A possibilidade crítica exige então não nos limitarmos a um recorte temporal imediato, mas reinseri-lo em processos espaciais, temporais e de construção das visões de mundo muito mais amplos a partir de seleções temáticas a cada oferecimento da disciplina. Cumpre ainda, por outro lado, questionar se o estudo acadêmico, como se institucionalizou e como vem sendo submetido a novas racionalidades produtivas, por si só, e por meio de sua produção fundamentalmente discursiva, pode ainda dar conta de tais questionamentos.

Programa:

1. Os tempos e espaços do contemporâneo e suas representações. 2. Cultura, contracultura, comportamento e espaço público. 3. Arte, resistência e vida cotidiana: afeto, liberdade e autonomia. 4. Não-violência e organização solidária: construção de direitos e transformação social. 5. Territorialidades e tensões culturais: condições de vida, visões de mundo, valores e representações. 6. Revoltas, insurgências e indisciplinas: noções de alternativo e clandestinidade A disciplina tem uma perspectiva fortemente experimental e exploratória. Cada oferecimento da disciplina estabelece um recorte temático a partir dos quais seus conteúdos são trabalhados. Solicita-se, portanto, que se consulte o plano de ensino quando de seu oferecimento, para se conhecer a temática adotada e o plano de aulas.