Pós-Graduação
Os Protestos no Século XXI: Organização, Táticas e Sentidos
Nível de ensino:
Pós-Graduação
Unidade USP:
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas [FFLCH]
Área de concentração:
Sociologia
Departamento:
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Docente(s) responsável(is):
Rosana Pinheiro Machado
Objetivos:
O curso objetiva investigar os chamados “os mais novos movimentos sociais”, termo adotado por Richard Day, para pensar as formas de organização coletiva que têm se desenrolado no século 21 em grandes cidades mundiais por meio de (1) protestos de massa e (2) ocupações de espaços urbanos. Discutindo a literatura contemporânea, nacional e internacional, pretende-se introduzir uma perspectiva transnacional no tratamento das questões de pesquisa acerca dos movimentos urbanos de resistência que tem ocorrido São Paulo e demais capitais brasileiras nos últimos anos. O objetivo do curso é discutir se existe uma nova forma ou tática dos movimentos sociais da contemporaneidade, especialmente no que diz respeito às práticas de democracia, autonomia, auto-gestão e horizontalidade. Como objetivos específicos, busca-se analisar 1. A construção de pautas e as formas de deliberação marcadas pelo consenso e horizontalidade 2. A relação dialética das mídias sociais e da ocupação do espaço público urbano 3. A contestação da privatização dos espaços públicos e as formas de resistência e reinvindicação ao “direito à cidade” 4. O papel e os significados da repressão violenta do Estado 5. A interseção entre questões locais/históricas e globais/atuais 6. Os métodos de fazer pesquisa em protestos
Justificativa:
Ondas de manifestações tomaram diversas metrópoles do mundo no século 21: dos movimentos anti-austeridade nos Estados Unidos a Junho de 2013 no Brasil (e seus desdobramentos imprevisíveis). Alguns autores, como Richard Day, defendem que existe um fio comum em diversos atos, protestos e revoltas urbanas neste novo milênio, pois eles seriam marcados por dinâmicas internas autonomistas, buscando a democracia radical “desde dentro” ou “de dentro para fora”. O curso não assume a hipótese de que existe uma nova forma de organização social, mas parte do princípio que investigar os pontos em comum (o uso das redes sociais, o retorno das ruas, o autonomismo, a repressão policial) e os pontos singulares destes protestos (as configurações históricas e os conflitos locais) é uma tarefa mandatória para as Ciências Sociais, especialmente no Brasil. Desde 2013, o país tem passado por uma onda de atos e revoltas urbanas. O curso debate o momento atual brasileiro e busca respostas não apenas no caso nacional, mas igualmente nos encadeamentos transnacionais, que apontam para um fenômeno global com características locais. Ademais, o curso tem forte ênfase empírica e metodológica, buscando promover uma discussão densa sobre os limites, os desafios e os benefícios de se fazer ciências sociais de forma engajada – tendência que se destaca entre os alunos brasileiros de ciências sociais como resposta ao momento de crise atravessado pelo país.
Programa:
Introdução e bases teóricas e metodológicas: 1) Introdução: os movimentos da virada do milênio 2) Autonomia 3) O urbano no século 21 4) As ruas e as redes sociais 5) Pesquisa e ativismo nas ruas Estudos de Caso: 6) Primavera Árabe 7) Occupy 8) Junho de 2013 9) Pós-Junho de 2013 10) Precariado, classes perigosas e as massas insurgentes 11) BlackLivesMatter Encaminhamentos finais 12) Seminário final: debate com acadêmicos e ativistas convidados