Dissertação (Mestrado)
Os itinerários terapêuticos de usuários de Centros de Atenção Psicossocial para crianças e adolescentes (CAPS-i) do município de São Paulo
Autor(a):
Pacheco, Rodrigo Pinto
Orientador(a):
Reis, Alberto Olavo Advíncula
Ano de publicação:
2009
Unidade USP:
Faculdade de Saúde Pública [FSP]
Assuntos:
acesso aos serviços de saúde; saúde mental; transtornos mentais diagnosticados na infância; sujeitos experimentais (psicologia); adolescentes; crianças; mães
Resumo:
O presente estudo teve por objetivo investigar os itinerários terapêuticos de usuários de Centros de Atenção Psicossocial para crianças e adolescentes (CAPSi) do município de São Paulo. Os CAPSi são serviços da rede de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS). Oferecem atendimentos interdisciplinares e comunitários às crianças e adolescentes com transtornos mentais graves. Para a investigação, foi realizada uma pesquisa qualitativa composta de 8 (oito) entrevistas qualitativas semi-dirigidas com os chamados cuidadores informais destes usuários. Em todos os casos, estes cuidadores informais foram as mães dos usuários. O referencial teórico adotado foi fundamentalmente a obra de Milton Santos, embora tenham sido feitas articulações com a concepção psicanalítica de sujeito. A técnica de tratamento dos dados foi a análise de conteúdo. Os entrevistados abordaram: a) a descoberta do problema com a saúde mental da criança e o início do itinerário, enfatizando os sintomas que chamaram à atenção para um problema com a saúde mental da criança e o momento entre estes sintomas e os primeiros passos do itinerário; b) os encaminhamentos e caminhadas na busca por profissionais e serviços, ressaltando-se o modelo biomédico, as distintas especialidades e os excessivos deslocamentos e dificuldades nesta busca; c) as relações entre as mães (cuidadores informais), as crianças e os serviços, destacando-se a incondicionalidade do amor materno e, simultaneamente, a angústia e solidão dessas mães na procura pelos distinto tratamentos; e d) a chegada ao CAPSi e, a partir daí, a mudança da lógica pela qual vinham sendo desenhados os itinerários até então. ) Através da análise das entrevistas articulada à bibliografia de referência, pôde-se perceber que as dificuldades e barreiras encontradas na busca pelos cuidados e tratamentos em saúde mental se referiam a diversos fatores: grande valorização das especialidades profissionais na procura por tratamento; prestadores de serviços muito especializados e com dificuldades de lidarem com a integralidade e saúde e de maneira articulada com a rede e com outros profissionais, 201Cencaminhando-se201D os pacientes de profissional a profissional; barreira cultural e de linguagem entre usuários e servidores, criando-se uma distância na comunicação; poucos profissionais na rede pública frente à demanda, criando-se enormes filas de espera; grande dependência dos usuários ao SUS, ainda em fase de desenvolvimento; distanciamento entre periferia e grande parte dos recursos utilizados; insuficiência e alto custo do transporte público; condição estrutural precária das famílias. Tanto pelo nível sócio econômico quanto por características psíquicas e emocionais específicas às famílias e usuários que demonstram problemas relacionados à saúde mental; supervalorização dos níveis superiores de atenção à saúde, em especial à atenção secundária e especializada.
ABNT:
PACHECO, Rodrigo Pinto; REIS, Alberto Olavo Advíncula. Os itinerários terapêuticos de usuários de Centros de Atenção Psicossocial para crianças e adolescentes (CAPS-i) do município de São Paulo. 2009.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.