Trabalho de evento
O usuário como protagonista e agente de projeto: das cooperativas de habitação uruguaianas ao “Byker Wall” de NewCastle
Autor(a):
Fonseca de Campos, Paulo Eduardo
Ano de publicação:
2017
Unidade USP:
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo [FAU]
Nome do evento:
Congresso Internacional Habitação no Espaço Lusófono (CIHEL)
Assuntos:
design; arquitetura; planejamento territorial urbano; industrialização da construção; habitação; antropologia urbana; participação comunitária
Palavras-chave do autor:
arquitetura e urbanismo - design - processos participativos
Resumo:
No momento em que a construção habitacional no Brasil atinge níveis quantitativos há muito não vistos, particularmente em programas oficiais de grande envergadura, como é o caso do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, cabe refletir a respeito da produção em larga escala de moradias, particularmente fazendo uso de sistemas construtivos industrializados, e sobre as carências qualitativas que já se fazem sentir nos campos da arquitetura e do urbanismo. O presente artigo é fruto da pesquisa de pós-doutorado realizada pelo autor entre 2014 e 2015 no Reino Unido, e tem como foco o estudo do papel do usuário como protagonista e agente de projeto em processos participativos. Tomando como estudo de caso o conjunto habitacional “Byker Wall”, em Newcastle, na Inglaterra, projetado pelo arquiteto sueco-britânico Ralph Erskine e construído nos anos 1970 com a participação ativa de seus moradores nos processos de planejamento e de tomada de decisões, o artigo procura estabelecer possíveis nexos entre aquela notável realização e os projetos participativos realizados no Brasil a partir da década de 1980, os chamados mutirões autogeridos, sob uma clara influência das cooperativas habitacionais uruguaias de ajuda mútua. A partir de levantamentos bibliográficos e de campo, bem como entrevistas, são analisadas algumas das principais características físicas definidoras do “Byker Wall” e as possíveis dimensões simbólico-afetivas alcançadas por este empreendimento social entre os seus moradores. Acredita-se, com isso, ser possível vislumbrar as possibilidades oferecidas pelos processos participativos na construção habitacional, que venham a superar uma visão puramente produtivista, à procura de uma maior qualidade arquitetônica e urbanística do habitat. O papel do usuário como protagonista e agente de projeto, considerando-se os aspectos culturais, políticos e históricos específicos de cada comunidade envolvida, é assumido como uma premissa fundamental na produção de um ambiente construído de qualidade, tornando-se essencial, sobretudo, a imersão na vida da comunidade, de modo a se potencializar o diálogo entre projetistas e a população.
ABNT:
FONSECA DE CAMPOS, Paulo Eduardo. O usuário como protagonista e agente de projeto: das cooperativas de habitação uruguaianas ao "Byker Wall" de NewCastle. Anais.. Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2017.>.