Pós-Graduação
Lima Barreto e a Banalidade do Mal à Brasileira
Nível de ensino:
Pós-Graduação
Unidade USP:
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas [FFLCH]
Área de concentração:
Literatura Brasileira
Departamento:
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Docente(s) responsável(is):
Cilaine Alves Cunha, , Sárka Grauová
Objetivos:
A disciplina se propõe à leitura de textos de Lima Barreto, de diferentes gêneros, pensados no contexto da modernidade brasileira “divergente”: uma modernidade gerada pelo processo modernizador externo, de ambições universalistas. Os alunos serão convidados a participar da análise de vários textos de Lima Barreto que contestam a ideologia positivista, pensando um amplo leque de alteridades – desde a alteridade racial e cultural até a alteridade psíquica (loucura) e moral. Numa linha paralela de exposição, serão observadas as antinomias do Brasil, na virada do século, entre a modernidade e a ruína, a medicina e o charlatanismo, o conhecimento teórico e a experiência prática, a casa e a rua, a ordem e a “cordialidade”.
Justificativa:
A disfórica virada do século XIX para o XX fez circular temas surpreendentemente atuais: o confronto com a ideologia do progresso definido de outro lugar, a luta contra o racismo, uma comparação de enfoques europeus e latino-americanos, assim como certa hesitação entre o moderno e o arcaico. Autor que recentemente mereceu uma nova biografia substancial e também edições bem cuidadas de sua obra, Lima Barreto é um caso exemplar das “histórias escritas no avesso” da modernidade. Ele defende a memória contra o esquecimento, a tradição viva contra a frieza das taxonomias, os interesses daqueles que não têm voz. Sua obra mestra, Triste fim de Policarpo Quaresma, evidencia os impasses do Brasil da Belle Époque, vistos da perspectiva de um intelectual “sincero e honesto” que representa uma posição crítica face à ideologia ufanista.
Programa:
Modernidade e modernização; a crise da modernidade; modernidade e totalitarismo; modernidade e alteridade; o nacionalismo da Primeira República; o racionalismo positivista, a poesia e o “mundo da vida”; a loucura na época da razão; o centro e a periferia; o público e o privado: o “homem cordial”; poéticas do fin-de-siècle; o fantástico subversivo; a memória, o colecionismo e as tradições vivas em Triste Fim de Policarpo Quaresma; o destino da literatura conforme Leon Tolstói, Thomas Carlyle e Lima Barreto; a “raça inferior” por Lima Barreto e Cruz e Sousa.