Tese (Doutorado)
A rebelião do público-alvo e a crise da tecnologia social de pacificação: luta no Programa Fábricas de Cultura
Autor(a):
Maciel, Danielle Edite Ferreira
Orientador(a):
Frederico, Celso
Ano de publicação:
2018
Unidade USP:
Escola de Comunicações e Artes [ECA]
Assuntos:
política cultural; identidade cultural; jovens; periferia
Palavras-chave do autor:
fábricas de cultura;identidade periférica;juventude;pacificação;política cultural
Resumo:
Esta tese examina o contexto e os sentidos políticos da implementação de um programa público cultural criado em 2004 como fruto de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Cultura (SEC) do estado de São Paulo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID): o Programa Fábricas de Cultura. A pesquisa procura demonstrar de que maneira a política pública dirigida para a juventude pobre das periferias pôde, desde sua concepção, operar enquanto uma 'tecnologia social de pacificação', com vistas a incrementar mecanismos de controle e antecipar-se a possíveis conflitos e insurgências dessas populações territorializadas. A análise é feita à luz de um processo de luta que aprendizes e arte-educadores vinculados às Fábricas de Cultura travaram em 2016, no curso da pesquisa, contra as diretrizes e os gestores da Organização Social responsável pela administração de cinco das dez unidades do programa. Dessa maneira, foi possível apreender as características e contradições do programa dentro de um quadro de modificações por que forçosamente passou aquilo que entendemos ser uma forma específica de gerenciamento dos conflitos de classe, a que chamamos de "consenso à base da pacificação dos conflitos sociais", que se consolidara na últimas décadas. Em torno de uma coalizão que unia organismos multilaterais, Estados e organizações da sociedade civil, esse consenso efetivou-se por meio de um conjunto de técnicas de gestão que acabou por embaralhar as diferenças entre direita e esquerda, difundindo-se por estratégias voltadas para "a redução da pobreza", "segurança", "oportunidades" e "inclusão social". Nesse sentido, o Programa Fábricas de Cultura se apresenta como resultado desse processo que transfigurou setores de classe em públicos-alvo, esquadrinhados pelas políticas sociais focalizadas. A investigação observa, no entanto, que a efetividade de tal consenso pacificador.
ABNT:
MACIEL, Danielle Edite Ferreira; FREDERICO, Celso. A rebelião do público-alvo e a crise da tecnologia social de pacificação: luta no Programa Fábricas de Cultura. 2018.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-03102018-153222/ >.