Ensino e pesquisa

Resumo:

Três experiências de organização e intervenção serão focalizadas nesta mesa-redonda: uma intervenção em situação de luto coletivo em um bairro paulistano; um atendimento a imigrantes, migrantes e refugiados em um albergue paulistano; e os movimentos sociais, Madres de Plaza de Mayo e Abuelas de Plaza de Mayo, de resgate dos desaparecidos argentinos. As três experiências trazem em comum a elaboração coletiva dos efeitos das violências, seja no plano concreto como os homicídios que atingem a população de São Mateus, na periferia de São Paulo, e o extermínio de argentinos durante a Ditadura Militar, seja no plano subjetivo dos deslocamentos e exílio psíquico dos imigrantes, migrantes e refugiados. O que fundamenta essas experiências é a organização de espaços simbólicos para que as famílias que perderam pessoas em situações de violência e as pessoas que perderam suas referências nos processos de deslocamento pudessem compartilhar suas dores, reconstruindo suas histórias, rompendo o bloqueio do silêncio, permitindo a elaboração coletiva de um luto proibido. O luto considerado ilegítimo aos familiares dos jovens que morreram em situação de violência, o luto impossível dos mortos sem corpos na Argentina e o luto irreconhecível das rupturas sofridas pelos migrantes, imigrantes e refugiados em seus contínuos deslocamentos. Afinal, o que se privilegiou nessas experiências foi a palavra.