TGI
A cidade sobre duas rodas: as manifestações sociais dos ciclistas por ciclovias em São Paulo sob o enfoque da produção do espaço urbano
Autor(a):
Venturineli, Rogerio
Orientador(a):
Carlos, Ana Fani Alessandri
Ano de publicação:
2016
Unidade USP:
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas [FFLCH]
Palavras-chave do autor:
mobilidade; ciclovia; massa-crítica
Resumo:
O objetivo primordial da pesquisa que é exposta no presente trabalho é de analisar o significado das ciclovias em São Paulo – edificadas como resultado dos movimentos sociais de ciclistas nesta Cidade de São Paulo, que, em suas manifestações, confrontam o modelo da cidade edificada para os automóveis – em termos da produção do espaço, considerada como uma via de acesso a compreensão da realidade urbana. A tarefa em questão envolve pensar o fenômeno a partir a partir de dois eixos de argumentação. O primeiro eixo de argumentação – da perspectiva da reprodução do capital – possui um horizonte teórico que procura identificar os processos constitutivos da urbanização na Cidade de São Paulo e envolve tensionar o entendimento da produção do espaço urbano da Cidade de São Paulo. Possui seu eixo analítico nos processos que envolvem a economia política relacionada ao papel do Estado, o qual se firma como elemento normalizador na instauração do espaço adequado à acumulação. O segundo eixo de argumentação – sob ponto de vista da reprodução da vida – imprime ênfase na análise das práticas urbanas e da possibilidade de apropriação do espaço urbano, processos que se articulam contraditoriamente aos processos de urbanização necessários à reprodução continuada do capital. A circulação consolida-se como uma categoria dialética essencial, que, por um lado, propicia a interconexão entre os lugares fragmentados – favorecendo a funcionalização da cidade e a abstração do espaço, em detrimento da reprodução da vida social – e, por outro lado, autonomizando-se como a própria condição metropolitana – dando origem aos lugares enquanto materializações dos fluxos. A circulação é uma categoria que realiza uma inversão em que o meio se transforma em fim e o fim, meio. O primado da circulação remete à constituição da cidade como metrópole, organizada logicamente em função dos interesses do capital. Esta categoria permite ainda compreender uma contradição presente na própria função do Estado, ora voltado a propiciar a circulação, ora voltado a combatê-la, no momento em que esta se transforma em apropriação do espaço urbano e mobilização social. No núcleo desta questão está o processo de valorização e consequente racionalização do solo urbano, estratégia que se pretende hegemônica na organização das relações sociais e da produção e reprodução do espaço.