Dissertação (Mestrado)
Participação social: a comunicação que aproxima e distancia usuários e trabalhadores da Saúde da Família
Autor(a):
Longhi, Marcelen Palú
Orientador(a):
Palha, Pedro Fredemir
Ano de publicação:
2009
Unidade USP:
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto [EERP]
Assuntos:
atenção à saúde; saúde da família; participação comunitária
Palavras-chave do autor:
atenção primária à saúde ;comunicação ;participação comunitária ;Programa Saúde da Família
Resumo:
Esta pesquisa tem como objeto de estudo a dinâmica de colegiados da saúde, com destaque para a comunicação entre usuários e trabalhadores de saúde, vista como horizonte operativo da participação, em espaços concretos na Estratégia Saúde da Família (ESF). A ESF está pautada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente no da participação social, regulamentado pela legislação sanitária, por meio de Conferências e Conselhos de Saúde. Os Conselhos de Saúde e colegiados similares são espaços nos quais deve ser fomentada a participação da sociedade civil para atuar sobre as políticas públicas. A literatura aponta limites dos fóruns da saúde, com ênfase para o predomínio da concepção biologicista e curativista de saúde, da comunicação impositiva, prescritiva e da falta de capacitação para o exercício da participação social; e potencialidades como maior integração entre usuários e entre esses e trabalhadores de saúde. Para a realização desta pesquisa, nos baseamos em aproximações com a Teoria da Ação Comunicativa de Jürgen Habermas que compreende a comunicação como um acordo intersubjetivo entre os sujeitos e a participação social como a relação entre a sociedade civil e política, no âmbito do Estado Ampliado. A pesquisa possui abordagem qualitativa, com a realização de cinco observações participantes de colegiados em uma Unidade de Saúde da Família e 14 entrevistas semiestruturadas com os participantes que apresentavam maior frequência nesses espaços, sendo seis com trabalhadores de saúde e oito com usuários, num município do interior paulista. Empregou-se a Análise de Conteúdo, modalidade temática, para interpretar o material empírico, a partir do qual se constituíram a caracterização dos sujeitos do estudo e a comunicação nos espaços de participação. As comunicações nos colegiados revelam duas dimensões que geram: distanciamento e aproximações entre os sujeitos e destes com o processo de participação. Quanto à comunicação que causa distanciamentos, os resultados mostraram que o silenciamento dos usuários nos espaços de discussão se relaciona a sua inserção social, a desencontros relacionais, ao uso de linguagem técnica e codificada pelos trabalhadores que, geralmente, controlam e definem o que pode ser discutido nos colegiados e evidenciam que há distanciamentos/rupturas de horizontes. Em relação às ações que provocam aproximações entre os sujeitos, a pesquisa aponta que nos colegiados são fomentadas as interações entre trabalhadores e usuários, havendo fusões/encontros de horizontes, e são discutidos problemas locais, sendo práticas que corroboram com o princípio da participação social na Saúde da Família. Consideramos que os limites presentes podem ser problematizados com os sujeitos que conduzem esse processo, a fim de imprimir-lhes uma nova direção, que há linhas de fugas que permitem a possibilidade da construção de projetos coletivos de felicidade, por meio do diálogo intersubjetivo, baseado no reconhecimento do outro como sujeito.
ABNT:
LONGHI, Marcelen Palú; PALHA, Pedro Fredemir. Participação social: a comunicação que aproxima e distancia usuários e trabalhadores da Saúde da Família . 2009.Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-18082009-124224/