Ensino e pesquisa

Resumo:

Esta tese é fruto de reflexões de 27 anos de prática como psicóloga e psicanalista, e faz especial referência ao trabalho que, desde fins de 1997, vem sendo desenvolvido no Ateliê Acaia, ONG que recebe no contraturno escolar, em várias oficinas, crianças, adolescentes e famílias de duas favelas e de um conjunto habitacional de baixa renda do entorno da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Trata-se de questões ligadas ao potencial da psicanálise, para além da clínica de consultório e dá continuidade às idéias apresentadas na dissertação de mestrado Clínica extensa: a psicanálise onde ela se faz necessária. No Ateliê Acaia, as atividades desenvolvidas em formas de ateliês/oficinas, a maneira como constituímos os grupos de trabalho e os modos de intervenção da equipe de educadores geraram um campo de conhecimento que, já há alguns anos, tem sido percebido como um modelo importante de troca e discussão e me estimularam a investigá-lo como organismo vivo e propulsor dessas estratégias. No âmbito da crescente favelização das grandes metrópoles, a ideia de tomar o Acaia como tema de tese ancorou-se, do meu ponto de vista, no interesse em pensá-lo como uma possível matriz de projetos e, ao refletir sobre a gestão do Acaia com embasamento psicanalítico, explicitar como a psicanálise pode dar contribuições importantes a questões emergentes da contemporaneidade. Essa pesquisa tem como sentido a possibilidade de um trabalho que expresse uma forma de fazer pesquisa na universidade com retorno operacional, garantindo uma produção de conhecimento alinhada às demandas concretas da comunidade.